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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A COMERCIALIZAÇÃO DA SAÚDE

Aula de anatomia de Rembrandt 
A COMERCIALIZAÇÃO DA SAÚDE 
Por Nicéas Romeo Zanchett 
                   No código de Hamurabi, gravado em pedra na Babilônia a mais de quatro mil anos, está a tabela de preços da saúde da época: "Para tratar um ferimento ou extrair um abscesso de um olho eram cobrados dez moedas de prata se o paciente fosse um ricaço, cinco se fosse alguém financeiramente remediado e duas moedas se fosse um escravo. Por sua vez, os médicos também eram punidos quando fracassassem. Se causasse a morte ou cegueira de um ricaço, por exemplo, teria sua mão decepada." 
                    A tem bem pouco tempo, nossos pais e avós se beneficiavam do médico da família ou do bairro. Ele diagnosticava a enfermidade e receitava os remédios que seriam aviados pelo farmacêutico local. 
                     Em nossos dias são raros os médicos da família ou do bairro e o doente já nem consegue mais sair do consultório com a receita dos remédios. O médico pedirá vários exames, radiografias, hemogramas, etc. Não tenho nada contra  isso; as possibilidades de cura, naturalmente, são maiores, mas o preço a pagar é sempre uma incógnita. Os honorários médicos continuam sendo influenciados pela importância do paciente. Quando é pago pelos tais "planos de saúde", o médico receberá uma pequena parcela da fortuna que o doente desembolsa todos os meses para o plano que, geralmente, não cobre muitos dos exames solicitados.
                     Durante muitos anos a medicina foi considerada um sacerdócio, mas no mundo mercantilizado em que vivemos, está máxima já não tem sentido. O médico precisa viver, pagar suas contas, morar dignamente e ter, na sua profissão, um estímulo que lhe permita progredir, estudar e melhorar de vida.  Numa sociedade capitalista como a nossa, o lucro - no caso do médico, o honorário - é a mola mestra do desenvolvimento. O grande problema é, como sempre, a ganância que leva muitos médicos a uma preocupação demasiada com o pecuniário em prejuízo da saúde do paciente. Além disso existem os médicos que, mesmo sem vocação, estudaram apenas para adquirir um diploma e com ele poder ganhar dinheiro. Esse tipo de profissional pendura seu diploma na parede e passa os dias dando consultas; não há uma preocupação em acompanhar a evolução tecnológica da medicina. Vive numa rotina de distribuir receitas e acumular seus honorários. 

                     Na sociedade urbano-industrial, a prática da medicina existe sob três formas:  1/ a tradicional atividade autônoma do profissional liberal; 2/ as sociedades hospitalares, onde os profissionais geralmente são assalariados; 3/ As organizações estatais que, no Brasil, fica dependente da vontade política, geralmente, ou quase sempre, contaminada pelo vírus da corrupção. Aqui a saúde é utilizada como manobra eleitoral. E com ela surgem os "sanguessugas", os "anões do orçamento", "os mensaleiros" e tantos outros criminosos desvios de verbas destinadas à saúde. 


O dinheiro da saúde vai para as mordomias dos políticos enquanto os doentes esperam a divina providência da morte nas macas em fétidos corredores.
Aqui é preciso fazer uma ressalva de justiça. Nos Hospitais Públicos existem ótimos e conscienciosos médicos e enfermeiros que fazem o possível e o impossível para suprir as deficiências geradas pelos corruptos políticos que se apoderam do dinheiros destinado á saúde.
                    O empresário de assistência médica e o profissional médico são duas categorias distintas, com comportamentos bem diferentes, mesmo quando o empresário é diplomado na área medicinal. Para o empresário a saúde é a mercadoria geradora de lucro. Já o cuidado médico é uma simples relação de troca entre médico e paciente, cujo produto do seu trabalho vem em forma de salário ou honorário.
                     Os planos de saúde são uma categoria à parte. São organizações "financeiras" cujo único objetivo é o lucro e aí o paciente paga em dobro. Além de manter o médico que o atende, o consultório, a clínica e os profissionais paralelos, tem de manter o financiador com todos os seus lucros exorbitantes, funcionários e custos burocráticos, principalmente de cobrança, que é o que mais lhes interessa. 
                      A máquina humana é perfeita e, portanto, dificilmente adoecerá. As doenças são resultantes dos maus tratos que damos ao nosso corpo; nos desadaptamos da natureza para uma sociedade consumista urbano-industrial, e isto aconteceu de forma muita rápida.  A alimentação industrializada e as atuais práticas da medicina de consumo acabam poluindo o organismo com excessos de medicamentos e exames desnecessários. Viramos cobaia dos laboratórios. Existe excesso de drogas medicinais, muitas com a mesma fórmula, mas com grifes e preços diferentes. As bulas que acompanham as caixinhas trazem tantas informações (não técnicas) para orientar o consumidor como se aquele produto fosse um simples alimento de supermercado. O objetivo é claramente direcionar o consumidor a se automedicar. Para comprovar o que estou afirmando, basta ler uma bula e prestar atenção às orientações não técnicas. É por essa razão que no Brasil já existem mais farmácias do que supermercados. 
                       Com o surgimento dos antibióticos os problemas da automedicação se tornaram ainda mais graves. A pílula milagrosa criou uma enorme dificuldade que estamos tendo de enfrentar agora: a resistência de certos tipos de vírus e bactérias a todos os medicamentos conhecidos está se tornando uma tragédia.  A industria farmacêutica continua vendendo tudo o que pode e não está desenvolvendo pesquisas satisfatórias sobre o assunto. Os novos vírus e bactérias resistentes (superbactérias) viajam de avião e em alguns poucos anos estarão espalhadas por todo o planeta. As faculdades deveriam orientar a formação de profissionais de medicina no sentido de coibir os abusos com excessos de medicamentos que acabam por piorar a saúde dos pacientes e só servem aos interesses lucrativos da indústria e do comércio da área medicinal. 
                      É difícil compreender o fato de que existem milhões de pessoas morrendo de fome, tuberculose, gripe, câncer e outras enfermidades da vida moderna, enquanto se gastam fortunas em Check-ups periódicos em busca de doenças imaginárias. Não há dúvidas  de que o Check-up é útil e muitas vezes necessário, mas é apenas para quem pode pagar. 
                      A verdade é que a medicina tornou-se complexa por demais. O médico tem de trabalhar em equipe de profissionais de várias especialidades, dotadas de infra-estrutura hospitalar de enfermagem e apoio financeiro.  Os equipamentos para exames são muito caros e somente uma organização empresarial pode adquiri-los. O médico está se transformando em equipamento de apoio à máquina que diagnostica e até trata a enfermidade. Não resta dúvida que estes equipamentos são maravilhosos, mas o sistema público não os possui porque o dinheiro para adquiri-los vai democraticamente para os bolsos dos políticos. 
                      O Brasil tem escolas de medicina onde o ensino é considerado de primeiro mundo, mas infelizmente a saúde é uma área que recebe poucos investimentos. Uma das principais dificuldades é o mercado de trabalho saturado nas grandes cidades e carente nas pequenas cidades do interior do país. Deveria haver incentivo do governo federal para melhor distribuição de bons profissionais em todo o território nacional.  Mas não basta simplesmente mandar e pagar bem um profissional para o interior, é preciso dotá-lo de bons equipamentos e condições de trabalho digno. 
Nicéas Romeo Zanchett 


                    Os hospitais e postos de saúde públicos brasileiros estão na UTI. E lá vão ficar enquanto houver corrupção. Os políticos preferem lindos estádios. Como os Imperadores romanos que davam pão e diversão ao povo. Infelizmente a pseuda democracia brasileira permitiu que estelionatários e bandidos chegassem ao poder. 

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Nicéas Romeo Zanchett 



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